sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Inverno.



Enxergo ao largo do rio perene o infinito, processo vertigens para que possam suprir a sede da consciência. Pensar que um dia serão meus ossos e meu cérebro sufocados singelamente em dois metros de terra, é pavoroso, atraente e angustiante. Além de constar que o natural irá por sucumbir por meio ao vazio. Assim como me prostro a esmo do deserto infinito do meu nada.

E meus traços e história galgando errantes dentro de asteróides, versos descansando por sombra de luas, memórias dissecadas, sol sendo andarilho no próprio vazio de luz que de nada se vale sem a consciência da razão. E por seu hélio, gasto, consumido como a vontade, o volver do canto de um garoto infinitamente promissor.

É inverno... Imortalidade será esquecer e abrir mão das linhas? Seria aprender a curtir a pequenez e se dissipar como um todo? É como aprender a ser estrela pra depois se sondar como noite? Então, é melhor fixar em ter minha passagem pelas paredes do nunca com os sabores das verdades que se importa em veredas, desabar pelas pontes e situar em tudo e em todos como ser uno e homogêneo nos corações.

Imortalizar o singular na função de cada peça, na oportunidade de um original. É manter-se íntegro na dissociação.

Um comentário:

João Gabriel Rodrigues disse...

Excelente! Singularidade é consciência. Da tarefa árdua que é viver, seja nos invernos de pensamento ou nos verões de bons lamentos, purgaremos nossos males com a capacidade única do ser humano: produzir cultura.