quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Gioconda.





É aquela que passa,
Pinta-se em tarde.
É quadro sem moldura
Que foge das cores ao passado.

Se por mistério expressa
A guerra do tomo em excelso
Por gestos e silêncio. É por conter-se
Nas flores e cachos do dia, que por fim se destoa.

É divisível por realidade,
Contorna a tez em preferência.
Mora no castelo em projeção,
Bem em meio dos contos cingidos por Segrel.

Condessa de conforto,
É arte maquiada por nome falso
Em meio ao Cadafalso.
—Meretriz! Se vende em Monalisa.

Ataraxia.




Nem o sol, nem a morte devem ser olhados fixamente.

(As pessoas só enxergam o quanto poderia suportar, mesmo por serem rogadas de luz e sombra, estas, sempre se fazem presentes, ofusca a visão e cega, penetra os olhos irascivelmente, refletem como prisma as atitudes e se prostram em veredas. São constantes irrevogáveis do instinto e da natureza. Faces opostas de irmãs de mesmo rosto.)

A sombra vai guiando paradoxal a claridade, é morte que nos acompanha costurada aos pés antes mesmo do nascer da consciência, como que fossea irmã mais velha do amadurecimento, percebe as folhas caídas, caixões de mogno, pessoas que partem iminentemente... Uma penumbra que segue adiante, se projetando estendida numa imagem maior que os asseios. E reverente ao algoz da luminária, queda em bastidores, paciente, atrás do foco.

Morte que: Ao se fazer protagonista, silencia a história, se discorre em concretizar a vida eterna dos passos. E, proeminente, constrói o mundo. Instaura os mortos como alicerces, guardando sobre o manto do solo, com suas vidas se tornando a base do mundo, ao coração deste.Como vigas que seguram os erros mundanos com a anátema eterna por se acomodarem no negativo da foto... Enraízam-se fadados, dissipando ao seio de Gaia.

Pilhando a solidez da alma, o tempo dribla transpassando o vento, sorvendo as estações com apetite moderado, meio que apressado em horas exatas. Os segundos contam-se como ladinos de planos por acidentes,que chegam de visita entre o caos e apresenta sua amante, morte da vida somente, Severina. E por ter ciência, troquei o jargão da consciência sabendo que neste comércio de valores, assinei o aval anti-matéria. Desci do Vahala, buscando a mortalidade como vigília de venturas da minha inocência.

O erro vinga como oxigênio nas veias, ocorre como o passado,irreverente, como flechas que são lançadas a esmo ao destino. —Todo pesadelo é um sonho no qual a angústia da morte escapou de seu cercado e ameaça o sonhador. E apesar da 'concretude' da morte nos destruir, a idéia da morte nos salva. A sombra é esse inevitável que destrói o íntimo, arranha a porta da consciência, como vermes que consomem as memórias, vacila surda pelo córtex e se infiltra, vírus sobrepostos nos sentidos.

Age como imunodeficiência da personalidade, se quebra em espelho de medos, ceifa a cerne, torpedeia as ações, é sono adjunto por dependência e favor de uma voz. Pormenores de uma noite sem estrelas,anseio de um dia sem cor, balela de histórias mal contadas...