sábado, 28 de novembro de 2009

Lullaby




Seu nome foi jogado ao vento, sussurrado de um jeito meio cuidadoso, os olhos de quem o lançara estavam serrilhados, com sua mente aberta e coração vibrante em mãos, era inverno e seus sentimentos estavam congelados, olhava febril sob o parapeito da janela, respirando, sutilmente... E é delicado dizer que era de uma forma criminosa que ele suspirava uma noite adocicada com alguns laços de saudade. Fazia dias que ele esperava o sol nascer.

Ele apontava os versos do mundo com o topo do dedo, esperando que as poesias trouxessem de volta o marchante sol sob as novas rimas do horizonte. E esperava, como se o amor que um dia se acabou poente sobre as montanhas um dia pudesse culminar coroando as memórias que outrora se foram. E não sei dizer se seus passos se perderam aos sonhos ou se fora o contrário, onde eram os sonhos que o preenchiam, perdidos, nas paredes de seu ser.

E assim como na noite que desaguava no teto do céu, também eram seus pensamentos, turvos, manchados com a sombra da chuva, manchados com a marca do tempo. Com o lábaro de todos os seus tormentos, com a força de todas as suas imaginações. E era nele que o mundo também esperava. Ao léu e sem prumo, sem leme! Suas verdades aos rastros do sol e era assim, mais uma vez que vos digo, que ele esperava, seu nome perdido ao relento, suas vestes torneadas ao norte, era ele e só o silêncio, moldando as suas promessas.

Sua voz saiu muda, canção ao contraponto, rasgando a atmosfera com todas as suas ilusões. E num andar quebrado, começou a correr, aos saltos e solavancos, levando a realidade consigo, distanciando das costas da cidade, saltitando da consciência e seus arranha-céus. Pulando de ponta a ponta, o fôlego inspirando em si os quatro cantos do mundo, deixando para trás as promessas, agarrando as mãos do destino, na ciranda de emoções, na prolixidade de suas razões, um mar de sentidos e pontos, rascunho e mapa da vida, a linha da sorte a trilhar!

Foi então que a vida surgiu como dança e o levou a bailar na história, e a linha do tempo que o diga, que foi o homem que criou seu passado, que foi a verdade à brindar o presente e dizer com orgulho suas honras, aos floreios dos bailes da alma, ao palco que a vida o levou, na musica em melodia de espera, na nostalgia e calor das lembranças (cultivadas em seu coração). E não só o destino o lembrou, mas a jornada que o sol o levou a buscar, que o trouxe aos fatos e na fantasia das pequenas coisas. E mais uma vez ele soube, que era nele, onde o dia deveria de estar.

Mas o sol se fez de miragem, quando o som e melodia pararam. Embriagados com os ares da noite, fadado ao tom da primavera, as flores que nele desabrocharam, se mostraram dessa vez sem cheiro, inodoras ao aroma da realidade, enganando-o com balelas e infortúnios. Acabando largado ao chão das frustrações... E foi então, ao tardar de suas esperanças, já noticiado com os clamores do vento se fez sol... Que não havia se esquecido de nascer, mas se escondera por ter se achado esquecido, mas foi na voz sussurrante, num pedido discreto e silencioso que se foi ouvida suas preces. E encheu as razões de luz. A criança pôs a cantar novamente, aos tropeços de tais poesias. E enquanto se distanciava do horizonte, dessa vez foi o Sol que o chamou e assim... Seu nome foi jogado ao vento, sussurrado de um jeito meio cuidadoso...

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